Os cafés especiais do Noroeste Fluminense mais uma vez fizeram bonito, com destaque para o produtor Fidélis José de Oliveira Rodolphi, do Sítio Vai e Volta, em Varre-Sai, campeão em duas categorias do IV Concurso de Cafés Especiais do Estado do Rio de Janeiro, realizado pela Associação dos Cafeicultores do Estado (Ascarj) com o apoio do Governo do Estado do Rio. A final do evento, que aconteceu numa cerimônia on-line no último sábado (30), revelou nada menos que sete dos oito premiados são oriundos do Noroeste Fluminense, sendo cinco deles de Varre-Sai.
“Uma disputa saudável como esta contribui para o desenvolvimento dos próprios produtores da região, além de demonstrar a dedicação na busca pela melhor qualidade dos grãos, o que, consequentemente, fortalece toda a nossa cadeia produtiva e diversifica a indústria”, festejou o presidente da Firjan Noroeste Fluminense, José Magno Hoffmann.
O presidente do Conselho de Agronegócio e Produtos Alimentares da Firjan, Antônio Carlos Celles Cordeiro, contou que será feito um mapeamento para diagnosticar as potencialidades e os entraves que dificultam o desenvolvimento da agroindústria fluminense, não só no café, como também em outros destaques como a carne, o leite, a pecuária e o setor sucroalcooleiro.
“Nossa proposta é que a Firjan, a Faerj, o Governo do Estado e os centros de pesquisas e as universidades se unam para elaborar um Programa de Revitalização do Agronegócio do Estado do Rio, de modo que o setor passe a ter uma relevância econômica semelhante a de outros estados cujas características são parecidas com as nossas”, disse Antonio Carlos.
No caso do café, cerca de 80% da produção do Estado já vem do Noroeste Fluminense, onde o maior produtor é Varre-Sai, responsável por 45% do cultivo estadual, de acordo com a Emater-Rio. Segundo o Governo do Estado, ao todo são 2.644 cafeicultores – a maioria de pequenos produtores – que geram uma receita anual de R$ 75,8 milhões a partir dos grãos cultivados em solo fluminense.
Nova capital estadual do café
Destaque do concurso, Fidélis José de Oliveira Rodolphi, de Varre-Sai, foi o campeão nas duas categorias: “Natural” e “Cereja Descascado”, cuja característica é um sabor mais acentuado. O negócio do café começou com seu avô, foi herdado pelo pai e agora por Fidélis e seu irmão, que se especializaram no ramo dos cafés especiais.
“Ficamos em segundo e terceiro lugar nos concursos anteriores, o que prova que estamos no caminho certo. Investimentos em conhecimento e em prática para aperfeiçoar o produto, principalmente no pós-colheita, com o apoio da Emater-Rio e do Sebrae”, conta Fidélis.
A comemoração foi em dose tripla, já que a produção de sua esposa, Alyne Chryslla Rodolphi ficou em terceiro lugar na categoria “Natural”. Nesta gradação, Porciúncula também se destacou com José Sávio Muruci Vieira em segundo lugar, e Geraldo Zanirate Neles, em quarto. Já na categoria “Cereja Descascado”, o segundo lugar coube a Maria Adriana Monnerat Erthal, de Bom Jardim, na Região Serrana. Varre-sai teve ainda representantes em terceiro e quarto lugar, respectivamente com Marcio André de Oliveira Vargas e Marcos Pelegrini Meneses.
O governador em exercício, Cláudio Castro, que participou da cerimônia em um vídeo gravado, festejou a evolução do café do Noroeste Fluminense.
“Somos o maior consumidor nacional, ou seja, gostamos de café. O nosso desejo é resgatar a importância do café na economia fluminense, e o melhor caminho para isso é a busca pela qualidade”, disse o governador.
Investimento em genética
Para chegar ao atual patamar, os produtores do Noroeste apostaram no investimento em genética, controle sanitário das lavouras e fertilidade do solo. As principais características do café especial da região são o sabor mais acentuado e intenso. Há, inclusive, o cuidado de apostar em embalagens mais robustas que preservam as propriedades originais dos grãos.
Os cafés especiais são aqueles grãos cultivados e colhidos em condições excepcionais, de qualidade superior e que alcançam os melhores preços no mercado. Para o concurso, o café foi submetido à análise de especialistas que usaram a metodologia de avaliação sensorial da Specialty Coffee Association (SCA). Utilizado mundialmente, o modelo permite notas mínimas a partir de 80 e máximas de 100 pontos. O presidente da Cooperativa de Café do Norte Fluminense (Coopercanol), José Ferreira Pinto, destaca que o reconhecimento é capaz de elevar ainda mais a produção da região.
“Em 2020, por exemplo, tivemos uma produção recorde de cerca de 300 mil sacas, quase o dobro do ano anterior. E toda essa visibilidade ajuda a aumentar o valor dos grãos fluminenses, o que consequentemente, estimula o produtor local a expandir a área plantada, desenvolvendo o setor e gerando emprego e renda”, festejou Ferreira.
O objetivo do concurso é incentivar a produção de cafés especiais fluminense, numa iniciativa da Associação dos Cafeicultores do Estado do Rio de Janeiro (ASCARJ), com apoio da Emater-Rio, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, Coopercanol, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Sebrae.